outras tantas madrugadas

domingo, outubro 09, 2005

Aos sobreviventes do GJ

.
Na digestão do jantar de ontem, dei conta que foi há dez anos que nos conhecemos. E apeteceu-me celebrar. Porque hoje podíamos ser apenas uma fotografia desbotada, tirada em Budapeste ou Barcelona, e uma mão cheia de recordações a muitas vozes, tão inesquecíveis como incapazes de sobreviver para além do calendário. Mas conseguimos escapar a esta fatalidade. Não todos, é certo, mas conseguimos.
O que me apetece celebrar, mais do que a memória desses dias, é o que somos hoje, a nossa amizade actual e concreta, os passos que demos para chegar aqui, os caminhos dos dias que hão-de vir. E a certeza de que somos muito do que somos porque fomos o que fomos. Juntos.
Com música, porque é com música que se celebram as pequenas e grandes coisas da vida. E porque há sempre uma música para cada uma.
Com esta música, porque tinha que ser.
.

"Cantares" - poema de Antonio Machado, música de J.M. Serrat
.
Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre la mar.
Nunca perseguí la gloria,
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.
Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse...
Nunca perseguí la gloria.
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar...
Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta gritar:
«Caminante no hay camino,
se hace camino al andar...»
golpe a golpe, verso a verso...
Murió el poeta lejos del hogar.
Le cubre el polvo de un país vecino.
Al alejarse le vieron llorar.
«Caminante no hay camino,
se hace camino al andar...»
golpe a golpe, verso a verso...
Cuando el jilguero no puede cantar,
cuando el poeta es un peregrino,
cuando de nada nos sirve rezar.
«Caminante no hay camino,
se hace camino al andar...»
golpe a golpe, verso a verso.

5 Comments:

  • At 9/10/05 15:12, Blogger joana said…

    Arrepiei-me...

     
  • At 10/10/05 21:49, Blogger PiC said…

    Espero que, apesar de tudo, a vida me permita continuar próximo deste GJ. Ao ler arrepiei-me de saudades. Estranho e bom, ao mesmo tempo. Sois grandes. Todos.

     
  • At 13/10/05 15:36, Anonymous Anónimo said…

    Pois que eu, humilde exemplar desse nostálgico GJ, apenas te posso agradecer a homenagem que prestaste a todos nós...

     
  • At 13/10/05 16:13, Anonymous Anónimo said…

    Não sei bem o que te dizer, pois ando numa fase de sentimentos à flor da pele e tu só contribuiste para ajudar a "rebentar ainda mais o dique"...
    Já te disse muitas vezes o que pensava (e o que não pensava) sobre o GJ.
    Sabes bem o que acho desse " grupo de 6 jovens, de diferentes proveniências e vivências, que por instantes pensou que a amizade era o sentimento mais bonito do Mundo"
    Bjs

     
  • At 9/4/06 18:57, Anonymous Anónimo said…

    Não pude deixar de passar por aqui e de vibrar com as tuas palavras e música.
    Afinal o GJ ainda existe... mesmo que seja neste post ou numa promessa de encontro adiado...
    Mas o que importa é que cada um de nós se sente como um sobrevivente. Obrigada pelo momento!

     

Enviar um comentário

<< Home