outras tantas madrugadas

terça-feira, janeiro 24, 2006

TC

Infelizmente, é sempre nas coisas mais importantes que fazemos que é maior o risco de, um dia, não podermos fazer mais nada.
Hoje nem foi preciso abrir o envelope que trazias na mão.
Apeteceu-me dizer-te que está tudo bem. Tão bem que nem precisas de usar mais o aparelho-que-ajuda-a-bochecha-a-crescer, nem de lavar os dentes depois de comer Chocapic... Mas limitei-me a piscar-te o olho enquanto te virava a pala do boné como habitualmente, desta vez só para te ver sorrir. Mais do que a crueldade do destino, doeu-me a sua falta de pudor ao revelar-se, até na caneta irritante que falhou quando quis escrever o teu nome na agenda para daqui a um mês.
Despedi-me de coração apertado, tentando não despir o sorriso que guardo para ti há mais de um ano e meio. Quando te acompanhei à sala de espera, nos olhos da tua mãe já tinhas partido.