outras tantas madrugadas

domingo, outubro 30, 2005

parabéns, "caramba"!...

.
.
passei todo o dia contigo
passámos todos
(chorarias a rir com a missa desta noite)

outros olhares (2ª edição)

.
"Por delicadeza e por muitas outras coisas"
(Tu sabes o que falta neste post. Eu sei que post falta no teu blog.)
.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
.
(...) Hoje, ao chegar a casa, por ler o que escreveste, pelo cansaço, e por uma improvável e estranha descoberta que me acertou em cheio e me tirou o sono esta noite... o meu olhar voltou a encher-se de lágrimas. Nem sei de quê, tal foi a mistura. Mas ficou mais limpo. Hoje, pela primeira vez, vou dormir com a certeza de que este capítulo acaba, definitivamente, aqui. E não imaginas como estou a precisar (de dormir e dessa certeza).
Perdoa-me, do fundo do coração, a única coisa de que não poderei nunca redimir-me: a cobardia de não ter sabido despedir-me de nós quando devia e como merecíamos.
Um beijo.

sexta-feira, outubro 28, 2005

olhares

Dizeres-me, naquela noite, que vejo a vida como um conjunto de coisas más onde, ocasionalmente, aparece uma ou outra coisa boa, foi o tiro menos certeiro que alguma vez deste. Se fosse verdade, terias marcado o alvo para sempre. Assim, só engrossaste a lista de danos colaterais - o pior que pode acontecer a quem dispara. Pela tremenda injustiça, pela mágoa de me ver vista assim pelos teus olhos, pelo desconforto da dúvida surda que instalaste em mim, como uma úlcera crónica (as verdades doem mais, sangram mais... mas mais tarde ou mais cedo cicatrizam e deixam uma fibrose espessa, resistente e que de tão feia ainda nos serve de "lembrete"... percebes a diferença?).
Hoje o meu dia foi triste, medíocre e recheado de azarezinhos virulentos. Não fiz nem disse nada que batesse certo, nem para mim nem para nenhuma das pessoas com quem me cruzei. Passei-o a tropeçar. Tenho a minha auto-estima fechada numa sub-cave sem janelas e a única coisa que valeu a pena foi ter o sorriso de fraldas mais sábio que conheço a dar-me colo, a mim.
Hoje o meu dia foi só isto. Exactamente como disseste que vejo a vida. E mesmo assim recuso-me a dar-te razão. Não por orgulho, que normalmente me sobra. Não porque possa jurar que a vida nunca é essa sucessão de pequenas tragédias. Mas porque ainda acredito nos meus olhos.
Dou-lhes folga neste resto de noite e deixo-me chorar baixinho à espera que adormeçam. Amanhã pedir-me-ão desculpa por se terem enganado e voltarão a dar à vida a oportunidade que merece. Tenho a certeza.

segunda-feira, outubro 24, 2005

ABERTO para obras

.
.
"Love", John Lennon

domingo, outubro 23, 2005

entre muitas outras coisas...

1. Somos optimistas e relativizamos os problemas
2. Projectamo-nos continuamente para o futuro
3. A nossa realidade exige que façamos planos
4. Precisamos de estímulos constantes
5. Podemos enganar-nos a nós próprios
6. Possuímos o dom de nos maravilharmos
7. Sonhamos muito acordados e somos especialistas em murmurar
.
Para o bem e para o mal.
É bom que tudo isto nos mantenha à tona.
É bom que não andemos toda a vida de braçadeiras.

quinta-feira, outubro 20, 2005

"desejo amor"

"(...) Certo dia, em vez do habitual almoço, pediu-lhes que desenhassem umas palavras num cartaz. (...)
Até hoje, o sr. Carvalho foi o único pobre que conheci que não pedia dinheiro. Pedia Amor. Engano-me, ele desejava Amor. Há aqui uma enorme diferença. Se fosse um pedido ele teria escrito Quero Casar. Mas não era um pedido, era um desejo. E ele tinha razão. O Amor não se pede, dá-se. E, por vezes, recebe-se. É algo que se oferece. Não é uma oferta desinteressada, é certo, mas é generosa. O único interesse do Amor é o próprio Amor.
O sr. Carvalho pedia Amor mas, no fundo, o que ele queria era dá-lo. E quando é assim, não se é pobre, mas rico. Dir-me-ão que isto é uma grande laracha… Dir-me-ão, convictos, - Isso é tudo muito bonito, mas ninguém vive sem dinheiro. Talvez, mas o sr. Carvalho, que não tinha uma coisa nem outra, escolheu o Amor. Dir-me-ão que o homem era maluco. Talvez, mas não andamos nós… doidos pelo dinheiro?
Eu cá tinha pedido dinheiro. Mas isso sou eu que sou uma besta. E tenho trinta anos e ainda julgo que vou a tempo de me tornar bestial aos olhos de alguém. Pode até ser que ele apenas quisesse uma companheira; uma companhia que o aliviasse da solidão em que vivia. Talvez, mas sei perfeitamente que o que ele queria mesmo era Amor. Está na cara…
Se naquele cartaz estivesse escrito Desejo Amor em vez de Desejo Casar, não o iam levar a sério. Diriam com desprezo - Olha, o gimbras quer amor! e rir-se-iam.
Hoje o Amor não se leva a sério. Leva-se a jantar à Bica-do-sapato. E o Amor - não tendo nada a ver com arroz-de-pato - é o melhor alimento que a alma pode querer. Tem proteínas, hidratos de carbono e todas as vitaminas do abecedário. É uma salganhada de emoções. Uma sopa de letras. Com que se escreve a alma e, por vezes, se reescreve a vida.
O sr. Carvalho foi a poesia mais bonita que eu alguma vez vi sobre o Amor. Ou, pelo menos, a mais original. Não sei se ele alguma vez se chegou a casar. Ou se teve o Amor que merecia. Gostava de pensar que sim. Gostava de lhe desejar essa felicidade. Gostava, também, de lhe agradecer a lição que me deu. Ele ensinou-me esta coisa importante: que todos nós - sejamos quem formos e estejamos onde estivermos - temos sempre este dever para com o nosso Amor: o dever de procurá-lo.E, encontrando-o, o dever de tirar o cartaz para fora do casaco, para fora da alma, e dizer em letras gordas, com todas as letras, que ele é o nosso Amor."
.
in DESEJO CASAR, 28.06.2003
.
De facto, vale a pena reler este texto. Obrigada, A., por mo teres lembrado, não sei bem se na meia hora de conversa, se no sorriso apressado com que me expulsaste de casa... ; )

terça-feira, outubro 18, 2005

desconcentração

Vai trabalhar! Tens 32 histórias clínicas penduradas, modelos para cortar, artigos para ler... Aproveita a tarde! Hei!! Estás com o coração a mil à hora PORQUÊ, se só tomaste um café hoje e foi logo às 9 da manhã?!...

agora sei

.
o nosso abraço
foi tudo o que quisemos
por não ter chegado a ser
o que nos apeteceu
.
ainda bem

sábado, outubro 15, 2005

ao que parece

.
isto de andarmos ao soco não é de agora . :.)

sexta-feira, outubro 14, 2005

nada de transcendente?

Gosto muito de vocês. Ponto.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Mãe

Se me queres ajudar, não faças nada. Deixa dormir o amor que ainda nos resta, só o vento da noite nos cabelos. E aguarda serenamente a manhã em que possa acordar tranquilo, curado de todas as feridas e sedento de um abraço. Só essas lágrimas valerão a pena.

domingo, outubro 09, 2005

Aos sobreviventes do GJ

.
Na digestão do jantar de ontem, dei conta que foi há dez anos que nos conhecemos. E apeteceu-me celebrar. Porque hoje podíamos ser apenas uma fotografia desbotada, tirada em Budapeste ou Barcelona, e uma mão cheia de recordações a muitas vozes, tão inesquecíveis como incapazes de sobreviver para além do calendário. Mas conseguimos escapar a esta fatalidade. Não todos, é certo, mas conseguimos.
O que me apetece celebrar, mais do que a memória desses dias, é o que somos hoje, a nossa amizade actual e concreta, os passos que demos para chegar aqui, os caminhos dos dias que hão-de vir. E a certeza de que somos muito do que somos porque fomos o que fomos. Juntos.
Com música, porque é com música que se celebram as pequenas e grandes coisas da vida. E porque há sempre uma música para cada uma.
Com esta música, porque tinha que ser.
.

"Cantares" - poema de Antonio Machado, música de J.M. Serrat
.
Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre la mar.
Nunca perseguí la gloria,
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.
Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse...
Nunca perseguí la gloria.
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar...
Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta gritar:
«Caminante no hay camino,
se hace camino al andar...»
golpe a golpe, verso a verso...
Murió el poeta lejos del hogar.
Le cubre el polvo de un país vecino.
Al alejarse le vieron llorar.
«Caminante no hay camino,
se hace camino al andar...»
golpe a golpe, verso a verso...
Cuando el jilguero no puede cantar,
cuando el poeta es un peregrino,
cuando de nada nos sirve rezar.
«Caminante no hay camino,
se hace camino al andar...»
golpe a golpe, verso a verso.

segunda-feira, outubro 03, 2005

o ECLIPSE de HOJE

..
Hoje, às 9H45, colei o meu sorriso mais simpático por cima de um olhar de compromisso inadiável e pedi sem dar explicações "aguarde só um bocadinho na sala de espera que eu já a chamo, sim?". E, dito isto, eclipsei-me da consulta! Montei um filtro solar na máquina fotográfica, a máquina no tripé e o tripé no parque de estacionamento. E estive 15 minutos a fazer figura de ursa, saltitando entre cada disparo do obturador e grunhindo de vez em quando "Lindo! Fantástico!" sob o olhar atónito das doentes da psiquiatria que passavam para o bar.
Acho que, apesar de tudo, valeu a pena! Não fosse a Lua ter-se posto à frente e teria tirado ao Sol uma magnífica fotografia...

Sempre há lugar para mais alguém?

.

.

Hoje apeteceu-me fugir.
Aqui falta-me o ar. Sozinha faltam-me as forças.